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''Pior já passou, mas ritmo é lento''
"O mercado de trabalho ainda está fragilizado, porque continua operando abaixo da linha de tendência".
Lucinda Pinto
Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem, consolidam a ideia de que "o pior ficou para trás", mas mostram que ainda há muita ociosidade no mercado de trabalho. Essa é a avaliação da economista-chefe do Bradesco Asset Management, Ana Cristina Costa. Ela observa que a recuperação nos últimos meses não foi suficiente para "zerar" as perdas de vagas verificadas desde novembro do ano passado, quando a crise financeira internacional começou a afetar o emprego: "O mercado de trabalho ainda está fragilizado, porque continua operando abaixo da linha de tendência".
Segundo Ana Cristina, quando se olha a média móvel de 12 meses, fica mais claro que o mercado de trabalho ainda não consolidou uma tendência clara de recuperação. Até julho de 2009, a média móvel mostra saldo positivo de 59.869 vagas, resultado próximo ao do período de 12 meses encerrados em julho de 2003 (58.082), ano em que o PIB no Brasil cresceu modesto 1,2%. Até julho de 2008, a média móvel em 12 meses mostrou criação de 162.012 postos. "Os números de hoje não mostram um cenário conclusivo. A única certeza que podemos ter é que o pior ficou para trás, mas ainda não está clara a velocidade da recuperação."
Para a LCA Consultores, o emprego industrial iniciou uma recuperação consistente em julho. "Parece que a indústria subiu um degrau em seu volume contratado, com a geração líquida de 19,9 mil postos. Esta mudança importante de patamar, a despeito de aquém do registrado neste mesmo mês em 2008 (40 mil), situou-se acima do registrado em média nos meses de julho pelo setor na década atual (18,6 mil postos), o que representa uma importante mudança de patamar ante o observado no 2º trimestre de 2009", diz relatório da LCA.
Na análise da consultoria, os destaques foram a indústria química de produtos farmacêuticos, veterinários e perfumaria (que criou 4,9 mil postos); a indústria têxtil e do vestuário (6,1 mil); e a indústria de calçados (3,7 mil). "Também merece menção a indústria mecânica, que apresentou o primeiro resultado positivo em oito meses (ainda que as contratações tenham sido muito baixas)."
Assim como a construção civil, que criou 32,2 mil vagas em julho de 2009, o comércio surpreendeu com 27,3 mil postos, acima dos 25,3 mil empregos criados em julho de 2008, e da média da década para meses de julho, que é de 23,1 mil. O setor agropecuário criou 29,5 mil postos e o setor de serviços (incluindo os celetistas que trabalham na administração pública) apresentou saldo de 29,5 mil vagas no mês.