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BNDES amplia em 20% o crédito para pequenas e médias empresas

Fonte: Gazeta Mercantil
Desde a eclosão da crise financeira internacional, enquanto muitas micro e pequenas empresa têm vivido semanas em que o acesso ao crédito se assemelha a uma via crucis, uma carteira com 150 mil pessoas jurídicas de pequeno porte assistiu a um aumento de 20% na concessão de créditos entre setembro e outubro. Trata-se da carteira do Cartão BNDES, um instrumento que começou a operar a pleno vapor no quarto trimestre de 2003 e este ano deverá ofertar R$ 830 milhões a seus usuários, com um parcelamento de 3 a 36 meses - definido pelo próprio usuário - e a taxas de juros pré-fixadas. Hoje, esse cartão de crédito empresarial oferecido pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco, sob as bandeiras Visa e Mastercard, pratica um juro de 1,18% ao mês - de longe, a melhor taxa do mercado. Diante da crescente demanda e da possível adesão de pelo menos mais três grandes bancos ao cartão em 2009, Rodrigo Matos Huet de Bacellar, chefe de departamento da área de operações indiretas do BNDES, acredita que os recursos para o instrumento financeiro serão bem maiores no ano que vem. "Este ano teremos cerca de 60 mil operações, um crescimento próximo de 60% sobre 2007. Para 2009 ainda não temos previsão, mas certamente será um valor em torno de R$ 1,2 bilhão", acredita ele. De acordo com o executivo, a crise financeira poderá ter impactos negativos e positivos sobre o cartão BNDES. De um lado, se a dificuldade de acesso ao crédito de longo prazo e barato crescer, poderá haver um bom estímulo ao uso do cartão, aumentando a demanda por parte das pessoas jurídicas. De outro, como quem concede o cartão são os bancos privados, que estão mais cautelosos na concessão de limites de financiamento - pois arcam com o risco da inadimplência do cliente -, é possível que a aprovação de novos clientes e seus limites também seja afetada. Mix de produtos Seja qual for a tendência que predominará no cenário que se avizinha, o fato é que o produto tornou-se uma linha de crédito simples e ágil para micro e pequenas empresa no País. Entre os seus usuários, 97% são de micro e pequeno portes. "Mas também temos médias empresas que adotaram o cartão", ressalta o executivo. "Em 2008, registramos um tíquete médio de R$ 15 mil. E o limite médio concedido pelos bancos a seus clientes tem sido de R$ 60 mil", informa o executivo. O mix de produtos em que o uso do cartão é permitido é muito variado, indo de insumos, matérias-primas, máquinas, equipamentos, móveis, computadores, motos para transporte de mercadoria, vans, veículos utilitários e caminhões a uniformes, colchões, talheres e balanças de feirantes. Desde o mês passado, o cartão BNDES financia também serviços voltados à certificação de empresas - a exemplo das normas ISO 9000 e ISO 14000 -, inspeção de conformidade, calibração de equipamentos e ensaios laboratoriais. No caso de empresas da área de saúde, está disponível o financiamento de serviços equivalentes, na área de "acreditação", que é uma certificação específica do setor médico. O site do cartão BNDES dispõe de 95 mil itens para compra direta ou indireta - nas quais há espaço para a negociação entre cliente e fornecedor. Bacellar conta que são 10 mil fornecedores. Desses, 7 mil são indústrias, responsáveis pela elaboração dos catálogos eletrônicos de produtos, e 3 mil são seus distribuidores. O dirigente do BNDES conta que o cartão opera com um crédito rotativo pré-aprovado de até R$ 250 mil, conforme o porte da empresa e a política de concessão de crédito dos bancos afiliados. Todas as transações se dão via internet, onde compradores e vendedores se relacionam. Uma taxa de até 3% é cobrada do vendedor. "No caso do comprador, apenas a taxa de juros pré-fixada lhe é cobrada não há anuidades ou outras taxas como as de abertura de crédito", conta Bacellar. Novos bancos O chefe de departamento do BNDES adianta que parte do crescimento esperado para 2009 deve se dar em função do aumento da base de bancos no sistema. "Sete instituições já nos enviaram cartas de intenção nesse sentido. E acredito que, dentre elas, pelo menos três novos bancos integrarão a rede até o final do próximo ano", estimou. Por enquanto, o maior desafio dos bancos candidatos tem sido o investimento de recursos e tempo para adequar seus sistemas de informática, de forma a incluir o produto na sua cesta de ofertas. Para Bacellar, qualquer banco que queira atuar no mercado de micro e pequenas empresas terá no cartão um diferencial importante. "Gerentes no chão da agência têm pressionado fortemente seus diretores no sentido de adotar o cartão", afirma.