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Banco Central faz leilão surpresa e dólar desacelera

Fechamento de mercado da semana e análise do dólar | por Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank

Autor: De Assessoria de ImprensaFonte: Luiz Felipe Bazzo

Ibovespa
Mesmo em um dia de pessimismo em relação ao local, com a piora nas perspectivas macroeconômicas pelo Boletim Focus, o Ibovespa operou, na sessão de segunda-feira (9), em alta. A bolsa foi puxada por Vale (VALE3), que saltou mais de 5% na esteira do otimismo com o exterior após anúncios de novos estímulos por parte da China. Com a economia dando sinais de estabilização, as autoridades pretendem fortalecer ajustes anticíclicos para enfrentar as incertezas globais e internas, mostrando maior determinação em reforçar a confiança e expandir a demanda doméstica.

O Ibovespa abriu em alta na terça-feira (10), com o IPCA mostrando desaceleração em novembro e a saúde de Lula no radar dos investidores. A melhora do apetite ao risco embalou os ativos domésticos desde o começo da sessão, enquanto o mercado monitorava o estado de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O mandatário foi internado na madrugada de terça após sofrer uma hemorragia intracraniana decorrente do acidente domiciliar sofrido em 19 de outubro. Na Bolsa brasileira, as ações da Vamos (VAMO3) dispararam 9,06% e lideraram as altas do dia, beneficiadas pelo alívio nos juros futuros. É uma empresa intensiva em capital e se beneficia em cenário de queda dos juros futuros.

O Ibovespa passou a subir na tarde de quarta-feira (11) e renovou máximas. O presidente está internado no Sírio-Libanês desde a madrugada de terça-feira (10). As chances de Lula concorrer em 2026 diminuem, o que pode abrir espaço para o fortalecimento de outros nomes na corrida eleitoral, indicando, assim, a possibilidade de ajustes fiscais mais robustos no futuro. Além disso, investidores têm no radar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa é que haja uma nova alta da Selic, mas ainda não há consenso sobre o tamanho do aumento. O Banco Central (BC) deve aumentar em 0,75 pontos percentuais (p.p.).
No dia seguinte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual (p.p.) e sinalizar uma Selic em 14,25% em março de 2025, o Ibovespa operou, na sessão de quinta-feira (12), em queda de 2,17%, aos 126.782 pontos, com quase todos os ativos no vermelho. O 'choque' do BC foi interpretado pelo mercado como um tom 'hawkish' (mais duro).

Câmbio
O dólar, que vinha sendo negociado em baixa, passou a oscilar na segunda-feira (09). A Bolsa de Valores operava em elevação, na expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que aconteceu na quarta-feira (11), em meio às chances crescentes de que a Selic possa subir 0,75 ponto percentual. Também há os reflexos positivos da primeira mudança na política fiscal feita pela China desde 2011, anunciada na segunda-feira. No entanto, a tramitação do pacote de gastos no Congresso sofreu ameaças e isso ajuda a aumentar as tensões, principalmente no câmbio.

O dólar fechou em baixa frente ao real na terça-feira (10), mostrando variações negativas durante quase toda a sessão, com o mercado mostrando maior otimismo com a tramitação do pacote fiscal do governo no Congresso e ajustando posições devido aos patamares historicamente altos da moeda. O dólar à vista encerrou o dia em baixa de 0,57%, cotado a 6,0478 reais. Na véspera, a moeda havia fechado em alta de 0,09%, a 6,08225 reais, maior valor nominal de fechamento da história. Depois de expressivas altas, o dólar começou o dia recuando, com a indicação de que a discussão do pacote fiscal vai se destravar no Congresso.

Na quarta-feira (11), o dólar fechou abaixo dos R$ 6 pela primeira vez desde o fim de novembro. A moeda encerrou as negociações desta quarta-feira em desvalorização de 1,3%, aos R$ 5,9682. A última vez que o dólar fechou abaixo deste patamar foi em 28 de novembro, um dia depois da apresentação da revisão do pacote de gastos pelo governo para frear o aumento da dívida pública. O plano estima uma economia de R$ 70 bilhões. Houve um aumento das expectativas para que o colegiado aumente a taxa básica em um ponto, para 12,25%, ante expectativa divulgada no último Boletim Focus de um aumento de 0,75 ponto percentual, para 12%.

O dólar subia frente ao real na quinta-feira (12), recuperando-se das perdas da manhã, uma vez que investidores deixavam de lado a euforia pós-Copom e observavam a desvalorização da bolsa brasileira, a força da moeda norte-americana no cenário externo e o quadro de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No início da sessão da quinta, o dólar chegou a recuar de forma acentuada com a reação positiva do mercado à decisão do Copom na véspera de elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, e sinalizar mais duas altas de mesmo tamanho no próximo ano. O movimento ocorreu na esteira, primeiramente, das perdas na bolsa brasileira, que ocorriam justamente pela perspectiva de uma Selic mais alta do que o esperado para o início do próximo ano.

O mercado já projeta o dólar a R$ 6,25 em 2025, refletindo crescentes preocupações com a sustentabilidade da dívida pública e a condução da política econômica brasileira nos próximos trimestres. Embora o fortalecimento global do dólar tenha influenciado a alta, fatores internos são os principais responsáveis pela desvalorização do real. Uma parcela minoritária da alta do dólar pode ser atribuída a fatores externos. O desempenho do real em relação a outras moedas emergentes, como as de países exportadores de commodities, reforça a percepção de que a política fiscal e monetária do Brasil está sendo observada com cautela pelos investidores.

O aumento da taxa Selic para 12,25% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) indica uma preocupação com os impactos inflacionários da valorização do dólar. Contudo, ações que prejudiquem a credibilidade fiscal, aumentem gastos parafiscais ou envolvam intervenções no mercado cambial podem acelerar ainda mais a desvalorização do real. Se os problemas fiscais e econômicos persistirem, o dólar pode ultrapassar os R$ 7. O ano que vem será decisivo para alinhar as expectativas do mercado e evitar que a crise cambial se agrave.

O dólar inverteu o sinal negativo visto na abertura da sessão e operou em alta nesta sexta-feira (13). Investidores continuaram a monitorar o noticiário doméstico, em meio às preocupações com a desidratação do pacote fiscal do governo no Congresso Nacional e diante das novas mudanças da reforma tributária. Além disso, a decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual (p.p.), continua a pesar no mercado, principalmente após a sinalização de uma condução mais dura dos juros à frente por parte do Banco Central do Brasil (BC). As preocupações do mercado com a trajetória das contas públicas do país continuam sendo o principal foco no mercado de câmbio, e as atenções dos investidores devem se voltar para o Congresso, à espera do avanço das medidas de contenção de gastos propostas pelo governo.

O BC (Banco Central) realizouum leilão à vista de dólar, com vendas que somaram US$ 845 milhões. Os lances foram aceitos de 14h41 até 14h46. A moeda norte-americana estava em alta durante o dia. Atingiu a máxima de R$ 6,077. Com o leilão, a alta desacelerou. A cotação baixou de forma brusca para R$ 6,016 por volta do momento das negociações.

Intervenções como essa servem para frear a cotação da moeda norte-americana, pois a maior oferta do dólar para o mercado ajuda a desacelerar a desvalorização do real. Apesar da desaceleração, continua com variação positiva na comparação com o fechamento do dia anterior (R$ 5,96). A última vez que houve uma interferência à vista foi em agosto. O Banco Central já havia realizado swap cambiais antes.

*Luiz Felipe Bazzo é CEO do transferbank, uma das 15 maiores soluções de câmbio do Brasil. O executivo também já trabalhou em multinacionais como Volvo Group e BHS. Além disso, criou startups de diferentes iniciativas e mercados tendo atuado no Founder Institute, incubadora de empresas americanas com sede no Vale do Silício. O executivo morou e estudou na Noruega e México e formou-se em administração de empresas pela FAE Centro Universitário, de Curitiba (PR), e pós-graduado em finanças empresariais pela Universidade Positivo.