Curitiba/PR - CEP: 80520-560
- (41) 3030-3130
- (41) 3151-2480
É possível combater a contabilidade online barata?
O surgimento das contabilidades online a baixo custo elevou a um nível desproporcional a competição pela contratação de serviços
O surgimento das contabilidades online a baixo custo elevou a um nível desproporcional a competição pela contratação de serviços para a entrega das obrigações ao fisco. Respaldadas pelos altos investimentos em tecnologia e marketing, algumas delas conseguiram reunir milhares de clientes com o forte argumento de que cobrariam menos de R$ 60,00 por algo que não custaria menos de R$ 300,00 no modelo tradicional.
Sem conseguir igualar tais condições, muitos escritórios contábeis sofreram com a fuga de clientes e, em alguns casos, tiveram até mesmo de fechar as portas. Mas será que a contabilidade online é a grande vilã? Não seria este um movimento natural diante da evolução tecnológica? É possível competir com esse tipo de serviço excessivamente barato e automatizado?
Para o palestrante e mentor de empresários contábeis, Roberto Dias Duarte, este é um movimento sem volta e que não ocorre somente no Brasil, mas no mundo todo, e ficou conhecido como “Contabilidade Faça Você Mesmo” (Accounting Do It Your Self, em inglês).
A boa notícia para os contadores que desejam empreender e os que já são empresários contábeis é que é possível, sim, competir com a contabilidade online. “Desde que usem as armas certas”, assinala Dias Duarte.
“Não adianta querer igualar os preços, pois o escritório no modelo tradicional não conseguirá prestar um serviço de qualidade em larga escala e, consequentemente, não resistirá no médio e longo prazos”, explica o especialista.
A solução, segundo ele, é investir em serviços que vão além da entrega das obrigações, cálculos de impostos e relatórios simples. Quando se consegue fornecer uma consultoria para melhorar a performance do cliente, atuando de forma direta na gestão financeira, a contabilidade passa a exercer um papel diferenciado, fugindo assim da mera competição por preço.
“Este é o que chamo do segundo nível da prestação de serviços contábeis. Existe ainda o terceiro, que é composto pelo aconselhamento estratégico e busca ajudar o cliente com a visão de longo prazo em tomadas de decisão referentes a fusões, aquisições e planejamento sucessório, dentre outras”, afirma Roberto Dias Duarte.
Existe saída para os micro e pequenos?
Agora, como escritórios contábeis pequenos, que muitas vezes têm menos de cinco funcionários, podem oferecer um serviço tão especializado aos seus clientes, de modo a se descolarem da competição pelos preços baixos do modelo online?
Para Dias Duarte, a única escapatória é os pequenos se fortalecerem atuando em parceria, seja prospectando em conjunto em segmentos estratégicos ou aderindo ao modelo de franquia.
“A franquia é outra tendência mundial muito forte na área contábil, não só porque já oferece todo o modelo de negócio já pronto, mas também porque se fortalece á medida que cresce o número de franqueados ao redor do país”, avalia o especialista.
“O escritório contábil comum muitas vezes precisa, ao mesmo tempo, cuidar da parte operacional, pensar como empresário e implantar todos estes processos. Não fez um plano de negócio e, com isso, se sente acuado e frustrado, porque não tem percepção de valor por parte do cliente. A franquia consegue tirar boa parte deste peso de um empreendedor, pois o ajuda a simplificar a parte operacional, a captar clientes e ainda o libera para se dedicar a tarefas mais estratégicas”, complementa.
Caso de sucesso
A única forma de crescer atualmente é estabelecendo parcerias
Um destes pequenos empresários contábeis que conseguiu se reinventar diante desse novo modo de pensar e fazer a contabilidade é Edilson Júnior, presidente da CF Contabilidade. Ao perceber que a empresa já crescera o máximo que podia e enfrentava dificuldades para atender bem todos os clientes, decidiu criar a sua própria franqueadora e, em dois anos, já conta com 14 unidades espalhadas pelos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso.
Outra ação que tem surtido resultado, segundo Edilson Junior, é buscar parcerias com outras empresas contábeis para atacar nichos específicos.
“A única forma de crescer atualmente é estabelecendo parcerias e eu me dedico a isso todos os dias, participando de eventos e fazendo conexões que possam oferecer vantagens para ambas as partes”, relata o presidente da CF Contabilidade.
Não à toa, a empresa que atuava como um pequeno escritório em Bonsucesso, no Rio de Janeiro, hoje conta com mais de 800 clientes e pretende inaugurar mais 30 unidades somente neste ano.
“E o melhor é que hoje não vemos limite para o crescimento, pois estamos reunindo a força de vários empresários. A sensação é que nosso negócio não se estagnará nunca mais, pois é altíssima a demanda do mercado por serviços especializados, bem como a de contadores lutando para se fortalecer diante da acirrada competição com as contabilidades online baratas. É o que, no empreendedorismo, convencionou-se chamar de oceano azul”, comemora Edilson Junior.
*Fábio Guedes é jornalista